Cantora Alaíde Costa estreita a parceria com o amigo Toninho Horta para gravar CD
Disco vai ser composto de músicas de autores mineiros.
Ana Clara Brant - EM CulturaAmigos desde a década de 1970, a cantora Alaíde Costa e Toninho Horta já entraram em estúdio para ensaiar as canções do novo disco
“Mas você vai se mudar para Belo Horizonte?”, perguntou o espantado Marcelo Lima à mãe, a cantora e compositora carioca Alaíde Costa, de 75 anos, ao constatar a quantidade de malas que ela traria à capital mineira. Realmente, a ligação da artista com Minas Gerais é forte, vem desde o começo da década de 1970. É de Alaíde a única voz feminina em Clube da Esquina, disco antológico da música mineira. Naquela época, ela acabou se tornando próxima dos representantes do movimento, que ganhou o mundo. Porém, com um deles a amizade ficou mais estreita: Toninho Horta. “Alaíde sempre foi referência, uma ‘ídola’, cantora excepcional, com voz e interpretação muito marcantes. Temos em comum essa coisa da sofisticação, da preocupação com a harmonia. Ela é hors concours”, elogia o violonista, guitarrista e compositor.
Há muito tempo eles se admiravam. Dois anos atrás, por intermédio dos produtores Geraldo Rocha e Fred Gapile, a dupla resolveu fazer um show. Hoje à noite, pela segunda vez o público belo-horizontino vai conferir esse “mágico encontro da MPB”, como prometem Toninho e Alaíde. Eles participam do projeto Outros bambas, outros sambas, promovido pelo Bar Gamboa, na Savassi.
“Será uma apresentação intimista, que pretendemos levar para outras praças do Brasil. Tenho profunda admiração pelo Toninho, não apenas um dos melhores músicos do país, mas do mundo”, elogia Alaíde Costa. Em seus discos, ela gravou três composições do guitarrista: Teus olhos, meu lugar; Meu canário vizinho azul; e o hit Beijo partido.
A dupla deu tão certo que ontem, pela primeira vez, entrou em estúdio no Bairro da Serra, em BH, para iniciar a produção de um disco – o nome ainda não foi decidido: pode ser Alaíde abraça Minas ou Coração nº 2. “Estamos definindo o repertório, mas com certeza só vão entrar canções de compositores mineiros. É uma homenagem à música daqui. Um disco só com voz e violão, com algumas participações especiais”, adianta a cantora.
Toninho Horta afirma que a intenção é lançar o álbum em 2012, quando se comemoram os 40 anos do disco Clube da Esquina. “Esse trabalho será feito aos poucos. Vamos começar a gravar e, se não ficar do jeito que a gente quer, gravamos de novo até surgir o disco ideal. Não é projeto para o mercado, nossa ideia é trazer algum diferencial para a música. Isso envolve paixão e sofisticação. Estou pisando em ovos com a Alaíde, porque tenho respeito muito grande por essa grande dama da MPB. O que ela decidir está decidido”, brinca o músico.
Em 2007, a cantora Zezé Gonzaga enxuga as lágrimas de Alaíde Costa, vencedora do Prêmio Rival de Música, o primeiro de sua carreiraDuo antológico
Alaíde Costa estava há um bom tempo sem pôr os pés em estúdio quando foi convidada por Milton Nascimento, em 1972, a fazer parte do disco Clube da Esquina. Apesar da ligação dos mineiros com cantoras como Elis Regina e Joyce, foi dela a única voz feminina do álbum. Nascida no Méier, bairro da Zona Norte carioca, ela fez duo antológico com Bituca na faixa Me deixa em paz, de Monsueto.
Fotobiografia
Em 1988, Alaíde Costa participava do programa Sem censura, na TVE do Rio de Janeiro, quando foi abordada por um fã mineiro em busca de autógrafo. Era o produtor Geraldo Rocha. Ele se tornou tão próximo dela que, ao longo dos anos de convívio, registrou momentos memoráveis da cantora – Lalá, como carinhosamente a chama. Daí surgiu a ideia de fazer a fotobiografia da intérprete, com lançamento previsto para 2012.
“São aproximadamente 9 mil fotos e não será tarefa fácil selecionar as imagens. Dori Caymmi, Ivan Lins, Egberto Gismonti e Miúcha vão produzir textos para o livro. Toninho Horta deve se encarregar do prefácio. Atualmente, ele é o artista mais próximo da Alaíde”, revela Geraldo.
Show ALAÍDE COSTA E TONINHO HORTA
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